Astrologia
Moderna e Tradicional
Se você acha que a diferença entre a Astrologia
Tradicional e a Moderna é apenas uma questão de usar ou não os planetas
geracionais, então recomendo a leitura dos tópicos que apresento abaixo.
Há uma tendência em julgar que a Astrologia Moderna
ou Psicológica é um desenvolvimento natural da Astrologia Tradicional praticada
entre os séculos XI e XVI na Europa.
A Astrologia Védica e a Chinesa o são diferentes da
Tradicional: ambas tem um conjunto particular de métodos e técnicas que não
mantém relação com a Astrologia Tradicional. O mesmo pode ser dito da
Astrologia Moderna, uma vez que ela é fruto do pensamento e das filosofias dos
séculos XX e XXI, sendo independente dos métodos e princípios empregados na
Astrologia Tradicional.
Vejamos então as principais diferenças entre ambas:
A Astrologia Moderna emprega em seus fundamentos
uma base filosófica que não é astrológica em sua natureza:
O empenho de muitos astrólogos em tornar a
Astrologia científica agregou diversos assuntos que são totalmente estranhos a
ela: fractais, teoria do caos, física quântica, justificados pelos tratados de
Freud e Jung.
A Astrologia tem a sua fundamentação filosófica no
platonismo e no hermetismo, com objetivos espirituais que dispensam qualquer
justificativa matemática ou científica. Estas correntes levam naturalmente para
uma visão mágica ou religiosa dos movimentos celestes, pois são orquestradas
por um ser divino em sua essência. E, a visão do céu dos antigos astrólogos era
geocêntrica por uma questão de obviedade, uma vez que a Astrologia representa o
que é visto.
Estes mesmos astrólogos modernos que introduzem as
teses científicas, na maior parte das vezes, apenas as conhecem
superficialmente. E talvez desconheçam autores clássicos como Ptolomeu, Vetius
Valens, Manillius, Dorotheus, Al Biruni, Abu Mashar, Ibn Ezra, William Lilly,
dentre tantos.
A Astrologia Tradicional vê as coisas separadas do
nativo:
A Casa II é o dinheiro. Em Astrologia Tradicional
representa os seus ganhos, o dinheiro que você ganha e gasta, suas posses, bens
e recursos. Ainda, se ele virá facilmente e em quantidade; ou, ao contrário,
será obtido a duras penas. Portanto, trata do dinheiro real, aquele empregado
para pagar as contas e, eventualmente, a consulta do astrólogo.
A Astrologia Moderna avalia como você lida com o
dinheiro, se ele lhe faz bem ou não. Trata-se de um “dinheiro mental” ou
“emocional” e não o dinheiro de verdade. Como você se sente quando tem
dinheiro? Esta é uma pergunta típica… Ou seja, a Astrologia Moderna tem um
enfoque subjetivo sobre temas comumente objetivos.
A Astrologia Moderna interpreta apenas o Mapa
Natal:
Desde o início do século XX e posteriormente, com o
advento da Psicologia, a Astrologia deixou de tratar de temas objetivos
prendendo-se exclusivamente em questões subjetivas associadas à personalidade
do nativo. Esta, não possibilita fundamentação para o estabelecimento de
previsões ou ainda, para outras técnicas como a Astrologia Mundial, Horária ou
Eletiva, ramos da Astrologia Tradicional.
Deste aspectos, se desenvolvem dois outros:
A Astrologia Tradicional tem seu foco na predição;
a Moderna, na explicação:
Ao interpretar o caráter do nativo, a Astrologia
Tradicional tem como objetivo estabelecer as datas ou épocas em que os eventos
prometidos no Mapa Natal ocorrerão. Na Moderna, explicar ou justificar seu
comportamento diante das circunstâncias que o envolvem.
A Astrologia Moderna não gosta de dar más notícias:
O importante é que o nativo é dotado de
livre-arbítrio para mudar a sua vida. E mesmo que o dinheiro ou a promoção não
cheguem, isso não deve ser motivo de infelicidade…
Para dar boas notícias, a Astrologia Moderna mudou
até alguns significados clássicos. Isso é mais visível nas Casas Astrológicas:
A Casa VI, tradicionalmente a casa das enfermidades
e da servidão, se tornou a casa da saúde…
A Casa VIII, associada à morte, se transformou na
casa do sexo e da transformação…
A Casa XII, do exílio e dos inimigos secretos virou
a casa da espiritualidade…
A Astrologia Moderna não sabe o que fazer com as
dignidades essenciais e acidentais:
Marte, o planeta do conflito e da discórdia, bem
como, dos ferimentos em geral, se tornou o astro da iniciativa e da energia. Na
Astrologia Tradicional, sua ação sobre as casas ocupadas pelos signos de Áries
e Escorpião é tão importante quanto a casa que ocupa fisicamente.
Ainda, a Astrologia Moderna não sabe bem o que
dizer quando um astro se encontra debilitado e tende a interpretá-lo
normalmente.
A Astrologia Moderna foca a sua interpretação nos
astros geracionais:
Um enorme paradoxo, pois a Astrologia Moderna se
diz voltada para o indivíduo e tende a explicar as diferenças entre os nativos
a partir de configurações de Urano, Netuno e Plutão, astros muito lentos e de
natureza geracional!
A
Astrologia tem sua provável origem em algum momento em cerca de 2400 aec, sendo
compilada pela primeira vez sob Hamurabi, em cerca de 1700 aec. Floresceu no
período da Escola de Alexandria, com enormes contribuições de astrólogos gregos
e árabes. Esta é a base sobre a qual se fundamentou a Astrologia Tradicional,
que ingressou na Europa no século XII, em plena Idade Média.
Steven Birchfield é
um dos melhores astrólogos que conheço. Com um conhecimento teórico
enciclopédico, de saber as passagens de centenas de livros complexos de cor, e
com um conhecimento prático fantástico, que beira o mediúnico, ele é uma pessoa
muito generosa e me permitiu traduzir um texto dele para colocar no Blog.
Nesse
texto, Steven rebate alguns argumentos usados pelos defensores da astrologia
moderna, como que a astrologia tradicional é “fatalista” e a astrologia moderna
“ajuda o desenvolvimento espiritual” do ser humano. Eu dividi o texto em
“temas” pra facilitar a organização da leitura.
Espero
que gostem tanto quanto eu, ele é editado de uma discussão. Steven é americano,
já foi missionário religioso em vários países do terceiro mundo, inclusive no
Brasil, e até hoje ajuda a sustentar um orfanato craido em Salinas. É
engenheiro e hoje mora na Noruega. Traduziu alguns trabalhos do Project
Hindsight, se eu não me engano foi On Solar Revolutions, do árabe Abu mashar, a
partir do texto em Latim.
Se tudo está predeterminado na carta astral, e
você não pode fazer nada a respeito para mudá-la, por que se importar em
estudar astrologia ?
Primeiro,
vamos deixar claro que ninguém disse que tudo estava pré-determinado. As
pessoas pensam que conhecimento antecipado é a mesma coisa que predestinação.
Muitos que nunca dedicaram realmente tempo para estudar o que os antigos
ensinavam, aparentemente pensam que a astrologia tradicional é um meio de
descobrir qual a cor das meias que eu vou usar amanhã. Não é assim.
As
casas astrológicas eram os “acidentes” ou circunstâncias que são comuns para
TODAS as pessoas. A Bíblia diz simplesmente: “Não há tentação que te corrompa
como aquela que é comum a todos os homens”
Quais
são essas circunstâncias e como elas se manifestam para cada indivíduo é o que
torna única a vida de cada um. Todos temos escolhas dentro de limitações. Eu
posso escolher o que vou fazer com a minha sorte ou com meu azar. Eu posso
contar em uma mão o número de cartas que eu analisei que indicam pouca
adversidade. Não existe ninguém nesse mundo que não enfrentará adversidade,
transtornos e problemas em algum grau. Todos temos Marte e Saturno em nossas
cartas. Todos temos os benéficos em nossas cartas.
Existe
em cada pessoa as possibilidades de fortuna e infortúnios. Conhecimento sobre
esses dois, antes que eles venham, não muda as circunstâncias quando eles
aparecem. Mas o conhecimento prepara a pessoa para o que pode ser feito a
respeito.
Em
2004, se as pessoas soubessem que um Tsunami se aproximava, obviamente elas
teriam fugido de seu caminho! O Aviso não mudaria o evento ou sua natureza, e
as pessoas ainda assim teriam perdido suas casas e posses, mas não teriam
perdido suas vidas.
Onde
existe vida, existe oportunidade e esperança.
Eu
não posso impedir os pássaros de voar sobre minha cabeça, mas eu posso impedir
que eles façam um ninho no meu cabelo.
Em 1999, Eu sabia que eu teria sérios problemas de saúde no futuro próximo, e
que eles me colocariam numa situação onde eu não poderia trabalhar novamente.
Assim, eu fiz um seguro da hipoteca, de maneira que minha família não ficasse
com dívidas. Se eu não tivesse feito isso na época, hoje teria sido impossível,
porque eles não fazem seguro de pessoas com os meus problemas! [Steven tinha um
grave problema de costas do qual está parcialmente recuperado]
Sabendo
que tempos difíceis estavam vindo, nós todos fizemos um esforço concentrado
para economizar dinheiro e reduzir as despesas. Eu estava com boa saúde nessa
época. Eu previ as circunstâncias específicas, eu sabia que eu teria problemas,
muito provavelmente com as minhas costas. Saber que circunstâncias estavam
chegando não às mudou. Eu não tinha possibilidade de escolha nesse sentido.
Mas
eu tive a oportunidade de tomar decisões baseadas nesse conhecimento, decisões
que me ajudaram a amenizar as circunstâncias. Estar avisado é estar preparado!
De que vale determinar que alguém nunca terá
sucesso ou está condenado uma existência miserável ?
A
Vida!… é algo que vale a pena viver, independendo de nossas definições de
“existência miserável”. Qual é a definição “correta” de sucesso ou fracasso? A
maioria dos ocidentais que eu conheço são as pessoas mais infelizes e
miseráveis que já encontrei na vida, e eu vivi na África, Oriente Médio, Índia,
Afeganistão, Bangladesh, por toda a Europa e na antiga União Soviética. Eu
vivi, e trabalhei ajudando, no meio das piores tragédias e sofrimentos
imagináveis. A Bíblia ensina que “se tiver comida e roupas para se cobrir,
esteja contente”. Eu lido com clientes diariamente; pessoas com problemas
reais, e dizer a eles que se eles deveriam entrar em contato com algum
“potencial mágico” [como a astrologia moderna faz] não os ajuda a lidar com as
situações que enfrentam e tomar boas decisões
.
Os três pilares da astrologia
moderna
Antes
de eu começar a estudar astrologia tradicional, eu passei 20 anos estudando
astrologia moderna. Eu fui treinado com astrólogos como Liz Greene e
Howard Sasportas pouco antes de sua morte. Por isso eu digo que sei muito bem o
que a astrologia moderna realmente ensina.
Todos
na civilização ocidental ouvem, dia após dia, o que fará com que elas sejam
felizes, e isso dito por pessoas que tem apenas um interesse… fazer com que
elas próprias sejam felizes. Elas pregam o que elas praticam e é ensinado que
se todo mundo praticar esse credo, todos serão felizes.
Nesse
ponto necessitamos parar e examinar os pilares da astrologia moderna: autoconhecimento,
autoestima e autovalor. Na sociedade de hoje esses valores são tão
automaticamente aceitos que é como discordar da proposição “bebês são bonitinhos”.
Mesmo assim, essas ideias exigem uma análise mais aprofundada, porque ideias,
como jogos de cozinha, em geral vêm em conjuntos, e algumas das noções que
acompanham nossa “fé” em autoconhecimento não são tão charmosas e bonitinhas
quantos bebezinhos.
Uma
das soluções mais aceitas e comuns entre a comunidade astrológica é que através
do autoconhecimento nós vamos entender a nós mesmos e aos outros e que isso
resulta em autoestima e um sentido de autovalor, o que nos leva automaticamente
a ter sucesso. Afinal de contas “é importante gostar de você mesmo” e “se você
não gostar de você mesmo, ninguém vai”. De acordo com essa visão de mundo,
pessoas que descobrem seu autovalor e se elevam a um “nível superior de
consciência” não precisam mais lidar com coisas feias ou desagradáveis, e por
isso mesmo essas coisas não acontecerão mais para elas [Yuzuru: apenas para nós,
pobres mortais não evoluídos na escala cósmica].
A sociedade do “eu me amo”
Por
favor, note que eu não estou sugerindo que “sentir-se bem sobre si mesmo” é
algo mal em si mesmo. Ou que você deveria passar o dia chorando e se
martirizando. Uma atitude mental positiva pode trazer forças que não sabíamos
que tínhamos, mas também não pode realizar milagres. Se eu tenho 5 dólares no
meu bolso, apenas ficar imaginando que eu tenho mais não fará com que eu compre
um iate. É necessário senso de negócios, oportunidade e trabalho para se
converter os cinco dólares em quinhentos mil dólares.
Imaginar
que temos um místico senso de negócios quando na realidade não o temos não
ajuda. Mas não acaba aqui, e é muito pior quando esses mesmos gurus sugerem
que, como nós determinamos a realidade apenas nossa própria vontade individual,
que nós não necessitamos mais de religião, comunidade, tradição e família. Nós
somos Deus, e tudo que é necessário é achar o deus dentro de nós. A ideia de
que só precisamos de nosso próprio amor, e de ninguém mais, é uma ficção
perigosa que cria um excesso de individualismo e tem como resultado os índices
de suicídio, divórcio, solidão e depressão comuns em nossa sociedade.
A
base para o “autoconhecimento” hoje em dia está em que ninguém é uma má pessoa,
todos somos apenas “incompreendidos”. A dúvida é porque alguém realmente iria
aceitar essa premissa. É importante notar que mesmo Freud nunca acreditou
nisso, muito pelo contrário, e inclusive observou em ‘Civilization and it’s
Discontents” que o homem é o lobo do homem.
Mesmo assim os defensores de uma visão “psicológica” do homem frequentemente
ignoram essa observação.
A astrologia do “pensamento positivo”
Quando adotamos essa doutrina da autoestima e do pensamento positivo, temos
também que adotar todas as consequências do individualismo que levam a esse
“pensamento fantasioso”, porque na verdade é isso que ouvimos todos os dias…
que devemos fantasiar.
A
astrologia moderna olha para o mapa e nos fala sobre o nosso “potencial” e como
podemos desenvolver esses potenciais, potenciais que lutamos para alcançar e
estar à sua altura. O problema é que o “potencial” pode ou não se realizar. O
que acontece quando nós não conseguimos viver dentro do padrão estabelecido por
nossas expectativas. Entender a nós mesmos não é a mesma coisa que determinar
as realizações de nós mesmos. Entendimento implica diferenciar entre o que
podemos e não podemos fazer. É conhecer nossos limites e os limites do que
podemos fazer. É simplesmente reconhecer que a alguns são dados cinco talentos,
a outros três, e a outros apenas um. O que nos torna “iguais” é a habilidade de
escolher o que fazer com o que nos é dado. Dizer “bem, eu tenho apenas um
talento, então não vou nem tentar” é derrotismo. Comparar esse talento com os outros
cinco que outras pessoas podem ter é um desserviço. Ser sincero é determinar o
que alguém pode fazer com o seu talento é honestidade. As pessoas estão
cansadas de que digam para elas que elas têm esse e aquele potencial, e depois
nunca conseguem concretizá-lo, e ficando deprimidas ou amargas porque alguém
mentiu pra elas sobre as imensas “possibilidades” e “potenciais” que elas
tinham para o futuro.
Eu
tenho uma prática concorrida porque meus clientes sabem que eles podem me
consultar e eu serei honesto, eu tentarei ajudá-los a trabalhar com suas
circunstâncias.
A
astrologia moderna serve à nova “religião secular” do humanismo, e assim busca
validar sua “religião”. A razão que você encontrará a astrologia tradicional em
todas as práticas religiosas antigas, como o Sabeanismo, o Hermeticismo, a
Qabal’ah, o Islã e a Cristianidade é porque a astrologia tradicional não é
subordinada a nenhuma religião. Ela valida a vida, independentemente da
religião.
A
vida não é uma questão de sucesso ou fracasso, conquista ou azar, nem tampouco
sobre bem ou mal; é uma questão de atravessá-la e experimentá-la realmente,
transformando uma vida “medíocre” em algo excepcional porque foram vidas
vividas excepcionalmente bem. Se tudo o que eu posso ser na vida é um astrólogo
medíocre, eu serei o melhor astrólogo medíocre da região!
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